terça-feira, 2 de setembro de 2008

a minha e a dele



Às vezes Deus conversa comigo

Como eu converso com meu cachorro.

Ele fala e eu ouço submisso.

Meus olhos pedem socorro

E meu coração permanece a meio-pau.


Quatro horas da manhã.

Depois de tropeçar muito nas calçadas da minha alma

E mendigar nos subúrbios do meu espírito,

Ele, complacente, novamente

Esvazia o meu celeiro de dor.


Ele me fala de Maria.

Da minha e da Dele.

As duas, delicadamente, trata de Senhora.

A minha, é minha por exclusividade;

A Dele, generosamente, é nossa.


Cinco horas da manhã.

O Deus cansado da rotina da onipotência,

Deita-se em minha rede e como um Pai que se humaniza

Pede uma canção de ninar no violão.

Eu toco e Ele adormece.


Guardo o instrumento. Olho pras duas Marias.

A Dele em gesso no oratório.

A minha, lânguida no dormitório.

Pra Dele eu faço uma oração.

Pra minha...Deus que me perdoe!!!!!!


Beijos,

Ataulfo

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom!!!