quarta-feira, 18 de março de 2009

para Guilhermina

Guilhermina, querida,

Após várias chicanas e sofismas da vida, encontro tempo para escrever-lhe. Quero agradecer-lhe pela acessibilidade complacente do seu coração e das suas palavras quando do artigo generoso referente ao projeto “Procopiando na Rotunda”. Somente as almas disponíveis conseguem exaltar e enaltar, em tempos de tanto egoísmo, o trabalho de outros pelo simples prazer da faculdade de contemplar.

É certo que, devolveu-me, a companhia de teatro, estilhaços esperançosos de uma nova Causa e fragmentos regenerativos da Paixão, mas, os olhos solidários dos companheiros são, como portos abstratos e marejados, a certeza, e única, de que o momento universal é da primeira pessoa do plural. Isso ainda não foi detectado pela era planetária. Será a fórceps, se preciso, mas será!

Você, querida Guilhermina, é um desses portos gravitacionais e, emocionado, agradeço-lhe por sê-lo e por tê-la. Tais virtudes instigam-me e tornam-me mais e mais laborioso no exercício do próximo. Obrigado!

É magnífico, nesses tempos tantos que vivo, sentir-me, novamente, um desbastador, talhador de seres, enfim, um lapidador no melhor significado da palavra. Os meninos, cara Guilhermina, devolveram-me a instigação, a criação e o direito de escolher a opção natural pelo operoso. Devolveram-me, gentilmente, o que eu mesmo roubara de mim. Só isso, basta! Regenera!

Por tudo isso, ainda que finde falando na primeira pessoa, não tenho duvidas que, divinamente, o NÓS há de tornar-se o EU.

Saudoso e carinhosamente,
Ataulfo