quarta-feira, 22 de outubro de 2008

desconexas

Dizem que filhos são respostas narcísicas aos pais. Pois nessa, os meus se lascaram porque eu nasci questão.

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Adorei a idéia de que, apesar de ser difícil para os ocidentais entenderem, na natureza e na arte se produz por contemplação. Disso me ocorre que toda vez em que em plena contemplação me aflijo “pelo tempo que estou perdendo sem fazer nada”; das duas uma: ou estou preguiçosa ou estou neurótica.

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É curiosa essa história de blog. Os textos vão se sobrepondo sem nenhuma lógica a não ser a dos minutos e horas que se sucedem. Mas então não interessa o pensamento de antes de ontem?

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Você já reparou a infinidade de referências que a palavra “tempo” assume? A variação climática, por exemplo, ganha esse nome; então o tempo se abre e se fecha. A saudade e a nostalgia podem ser evocadas apenas pelo pronome que o antecede – naquele ou daquele tempo... A atualidade, por sua vez, faz com que o tempo seja nosso. Ao longo ou durante dão pernas ao tempo para que se locomova. Ele pode ser fracionado: um instante. Ou quase infinito, numa Era. É curandeiro na crença popular, e é temido, posto que não pára e assim nos ameaça com a nossa finitude. Quantas vezes é esperança apenas por projetar-se ao futuro? E quantas vezes é trágico simplesmente porque não volta? Uma fração do tempo pode determinar uma vida inteira; e ele pode ser nossa redenção pelos milhões de frações que dele se oferece vida afora. É cíclico e é contínuo, como pode? Se tentamos quantificá-lo, qualquer tanto dele pode ser muito ou muito pouco. É tão real quanto imaginário e tão simbólico quanto real. Múltiplo por definição, é indefinível pela multiplicidade. Quantas palavras lhe cabem e quantos sentidos lhe escapam? E nós? Atravessamos o tempo ou somos a estrada pela qual ele nos atravessa?

Beijo,
Guilhermina

2 comentários:

raquel medeiros disse...

eu tenho alguns problemas com o tempo. não consigo acordar na hora que levanto (e já há tanto por fazer!), não consigo comer rápido, nem cochilar durante meia-hora.
vivem em eterno conflito - o meu relógio e o do mundo.

adorei o blog.a dois é sempre melhor que a sós.

obrigada pelo comentário no vale. às vezes eu demoro a servir o jantar - mas daí até aumenta a fome, não?

=]

Anônimo disse...

Saúdo a Rainha Guilhermina ! E Ataulfo ! Adorei o blog de vocês. Gostei das fotos, da estética. De contemplar. A contemporaneidade pede um retorno à contemplação. Quem sabe agora o ocidente aprenda com o oriente a...contemplar as belezas. Parabéns. Vou visitar vocês e anexá-los ao meu blog.

Beijos,
Nélida Capela