quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

cartas alheias



meu caríssimo Ataulfo,

Nem sei se você viu, nem sei se você soube, mas uma Poetriz caminhou por nossos porões, quando a porta resistente à sua partida permaneceu entreaberta.

Dizem que é assim mesmo. Por uma fresta da alma, por uma nesga de luz, um universo inteiro pode nos visitar. Mas não há motivo para susto ou ressentimento, ao entrar ela retirou o pó dos baús, e as teias que já costuravam as arestas. Fez isso somente para matar sua saudade da sua própria saudade. E eu, que nem sabia que isso era possível...

De toda forma, ao fazer isso, a Poetriz colocou o dedo na sua ausência que cicatrizava. Não lamentei. Ao contrário, sorri pela ousadia e pelo presente. Não é todo dia que uma visita inesperada acontece de vir nos surpreender. E de mais a mais, quando alguém empresta luz aos nossos porões podemos ver com alguma clareza os esconderijos dos nossos sentimentos. Só então a razão pode estar a nosso serviço. No pique esconde com os afetos, somos todos cabras-cegas a tatear o breu. Mas quando a luz nos revela o que estava oculto, aí sim podemos lidar com verdades e consequências.

Agradeço comovida à Poetriz por renovar o sentido de nossa breve correspondência. Deixo para você o bilhete que nos dedica, no desejo que de passagem por esta esquina, mesmo que breve, você também se reencontre como o destinatário de palavras que alimentam.

saudade,
Guilhermina

Um comentário:

Pelos caminhos da vida. disse...

Obrigada pela sua visita!

O selo da "Proximidade" esta esperando vc la.

beijooo